Já alguma vez olhou realmente para a palavra emagrecimento com “olhos de ver”? A verdade é que decompondo o termo (emagrecer + -i- + -mento) percebemos que o primeiro fragmento “emagrecer” aponta para o ato de tornar-se magro, mas o segundo “mento” remete para o processo em si. Ou seja, emagrecimento é um ato que implica continuidade, uma adaptação e uma mentalização desse mesmo desejo. No fundo, é isso mesmo que se passa na realidade, pois sabemos que perder peso de forma eficaz não pode – nem deve – ser algo radical, mas sim um processo que envolve a consciência e a consolidação de mudanças de hábitos. E, como em qualquer outro aspeto importante da nossa vida, um processo de mudança exige empenho, superação de desafios e capacidade de se adaptar às mudanças – a chamada resiliência!
Um emagrecimento consciente e duradouro necessita, pois, de englobar a educação e treino para a mudança do nosso comportamento com a comida, adotando relações com os alimentos mais equilibradas e humanizadas – não devemos comer para superar carências afetivas, por exemplo.
Mudar o pensamento para emagrecer
O mindfulness, como filosofia cujos princípios permitem recentrar o foco através de uma melhor gestão dos nossos recursos internos, pode ter um papel fundamental nessa mudança de pensamento para emagrecer.
Esta é uma técnica assenta na atenção profunda na respiração, sendo precisamente através desta atenção que se consegue uma maior concentração no momento. A partir daqui, evolui para o foco em pensamentos, sentimentos e sensações associados ao presente, sem julgamentos.
Dessa forma, e ao trabalhar a consciência metacognitiva – capacidade do indivíduo de monitorizar e autorregular os próprios processos cognitivos - o mindfulness permite alcançar um conjunto de estratégias que possibilitam um maior equilíbrio físico e emocional, desenvolvendo-se uma maior capacidade de aceitação e gestão das emoções, o que por sua vez se vai traduzir num comportamento mais assertivo e equilibrado, ao contrário de uma atitude reativa e desadequada.
Todas estas ferramentas e capacidades que o mindfulness traz são extremamente valiosas e necessárias para ajudar na trajetória da mudança do comportamento perante os alimentos e a comida, que sabemos nem sempre é retilínea ou sem percalços.
Questione sempre a sua fome
“Será que estou a comer porque estou realmente com fome?” Esta é a pergunta que deve colocar a si mesmo – e refletir sobre ela – quando estiver naqueles momentos de maior stress ou ansiedade, pois é precisamente nestas alturas que ingerimos mais calorias do que as necessárias e comprometemos o processo de emagrecimento!
Não sei se já ouviu falar, mas o nosso cérebro, quando estamos mais ansiosos ou depressivos é perito em reativar de forma automática a associação de prazer e felicidade ao ato de comer. Não admira por isso que seja precisamente nesses momento que geralmente estamos mais propensos a ingerir alimentos com mais calorias.
Contudo, se tiver um episódio de compulsão alimentar não se deve punir por isso, pois além de não vai resolver nada – o ato já foi cometido - pode mesmo torná-lo mais vulnerável para um novo evento compulsivo. Deve, sim, aproveitar para fazer uma análise ao seu pensamento, de forma a compreender as razões que levaram a esse mesmo episódio de compulsão. O importante é que consiga retirar lições do ocorrido e estar consciente para que não haja recaídas.
Além disso, é importante que comece a dar um novo significado às fontes de prazer do organismo, pois a alimentação é a única fonte. Na realidade, conversar com amigos, fazer ioga, tai-chi, praticar meditação, ouvir música, pintar, entre outras, são atividades que podem originar novas conexões cerebrais ligadas ao prazer, libertando para o organismo todas as hormonas que regulam o bem-estar e o humor e desta forma, mudar o nosso estado mental!